sexta-feira, 23 de maio de 2014

Um pouco de História...



Zero: História do número

A criação do zero pode ser considerada um fato tão importante para a humanidade quanto o domínio sobre o fogo ou a invenção da roda, na pré-história. Apesar de ser um número natural, ele não foi criado como unidade natural, isto é, não foi criado para a contagem.

O zero foi o último número natural a ser criado. Sua origem deveu-se não à necessidade de marcar a inexistência de elementos num conjunto, mas uma concepção
posicional da numeração.

O zero e a escrita posicional resolveram o problema da mecanização das operações numéricas, dos cálculos, o que permitiu as criação das máquinas calcular e dos computadores. Basta lembrar que os base binária, composta pelos algarismos 0 e 1, constitui o fundamento linguagem computacional.

Até a criação do zero a humanidade encontrava uma forma bastante particular de representar e contar quantidades.

Os
algarismos romanos não foram desenvolvidos para desenvolver cálculos, mas para registrar quantidades. Não havia representação entre os algarismos romanos para o zero.
Contribuição hindu
Utilizando o ábaco, em vez de operarem com pedrinhas, os hindus utilizaram os nove primeiros algarismos escritos.

Os algarismos eram traçados nas colunas de areia, sendo que se apagava as quantidades quando essas completavam a dezena, isto é, transportava-se uma unidade para a ordem superior - o nosso famoso "vai um"!

Quando o número de determinada ordem faltava, bastava que eles deixassem a coluna vazia. Por exemplo, para operar com o número 407 representavam:




Para a leitura de número como esses, fez-se necessário a criação de uma palavra particular para a ausência de unidades. Esta palavra criada pelos sábio hindus foi muito simples: sunya, que significa vazio. Ela indicava exatamente a coluna do ábaco que estava sem nenhum elemento, estava sunya (vazia).

Dessa forma a leitura e a escrita da quantidade acima expressa no ábaco era: sete. sunya. quatro. Repare que eles não utilizavam os numerais, escreviam por extenso cada algarismo e sua posição, começando pela ordem das unidades.

Eles também efetuavam as operações de forma bastante dinâmica, mas ainda sem ter criado o símbolo para o zero. Vejamos o exemplo seguinte:
Somar 608 com 534 seria igual a fazer no ábaco:




Apagando-se e efetuando a soma temos:




A criação do símbolo para o zero se deu por volta do século 5 d.C. Ela ocorreu quando os hindus passaram a representar as quantidades utilizando-se os próprios algarismos (0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9) e o princípio posicional sem a utilização do ábaco.

Os numerais que até então não existiam fora do ábaco, ganharam independência e passaram de elemento mecânico para elemento racional.

É desta forma que esta escrita numérica consegue, com apenas dez símbolos escrever todos os infinitos números que o cérebro humano pode imaginar.

Este é um artigo de Roberto Perides Moisés e Luciano Castro Lima, Especial para a Página 3 da revista Pedagogia & Comunicação. Roberto Perides Moisés é mestre em educação matemática (USP) e prof. do Col. Santa Cruz e das Universidades Sumaré e São Judas. Luciano Castro Lima é coordenador de matemática do Ceteac - Centro de estudos e trabalho em educação e cultura.